Não caia parado
Enviado: 29 Dez 2006 13:13
Não caia parado. - Texto do Motonline:
Na primeira ocasião em que a moto pára, o motociclista tenta desesperadamente apoiar o pé no chão mas descobre, tarde demais, que sua perna é insuficiente para alcançar o chão, e a moto começa a cair lentamente, até desabar na calçada. O pior: dono de um corpo franzino, o motociclista não consegue levantá-la nem um milímetro do chão até ser ajudado. Nem seria preciso ir tão longe num exemplo onde o motociclista não consegue controlar o peso de uma moto quando está em baixa velocidade, ou mesmo parada.
Começar a pilotar cedo, e com motos pequenas, é sempre melhor em todos os sentidos. Inclusive no que diz respeito a controlar a moto quando o motor está desligado. É comum ver um motociclista novato sair da loja e logo quebrar um pisca, porque não suportou o peso da motocicleta.
Uma boa forma de saber se a moto é do mesmo número do motociclista é primeiro posicionar-se como se fosse pilotá-la. Depois, retirá-la do cavalete e verificar se os pés alcançam o chão, de preferência com toda a sola. Por último, um teste que é feito normalmente nas escolas de motociclismo do Japão, e que no Brasil é completamente desprezado: deitar a moto no chão para depois avaliar se o motociclista consegue levantá-la sem contrair uma hérnia. Resta saber se o vendedor vai permitir que o comprador deite a moto no chão. Talvez seja melhor fazer o teste numa moto-escola, ou com a moto de um (ex) amigo.
Depois que o motociclista já vestiu a moto, é hora de enfrentar as situações diárias, com motor ligado ou desligado. Antes de mais nada, valem algumas recomendações para quem for pilotar a moto: a vestimenta é muito importante para evitar surpresas desagradáveis. Já são conhecidos muitos casos de motociclistas que caíram porque na hora de pôr o pé no chão a calça larga engatou na pedaleira, e só desengatou quando o joelho já estava encostado no chão. Outro problema semelhante acontece com os cordões de sapato, que podem enroscar nas alavancas de câmbio ou freio, e fazer o motociclista levar um vergonhoso tombo.
Para evitar essas surpresas, é recomendável usar roupas mais justas e sapatos (ou botas) sem cordão. Algumas pessoas têm o hábito de dobrar a barra da calça para fora. Nas motos que têm um limitador sob as pedaleiras (a Yamaha Fazer 250 e a Honda CBX 250 Twister), a barra pode prender nestes limitadores, impedindo que o motociclista alcance o pé no chão.
Muitos motociclistas dão exagerada importância à pilotagem esportiva, veloz e emocionante, esquecendo que um bom motociclista é aquele que tem total domínio sobre a moto em qualquer velocidade, mesmo quando está quase parada. A maior prova disso são os habilidosos pilotos de trial, que conseguem a incrível façanha de ficar parados em cima da moto, completamente imóveis por muito tempo. Como não se pode pôr os pés no chão nestas provas de trial, alguns pilotos conseguem até ligar a moto sem apoiar o pé no chão, além de andar para trás, aproveitando a inclinação do terreno.
Um bom treino para quem acaba de comprar uma moto, ou mesmo para os mais experientes, é procurar andar o mais devagar possível em linha reta sem pôr os pés no chão. No meu curso de pilotagem obrigava os alunos a equilibrar as motos fazendo círculos em baixa velocidade usando apenas o freio traseiro. Muitos donos de motos esportivas não conseguiam!
Uma cena desastrosa com sérias conseqüências materiais aconteceu há muitos anos, diante de uma das primeiras lojas a comercializar Honda em São Paulo. Um motociclista parou na frente da loja com sua Suzuki 500cc e ficou admirando as novas Honda CB 125 de dois cilindros, que tinham acabado de chegar. Elas estavam todas colocadas lado a lado, formando um belo pelotão de japonesas. O motociclista curioso resolveu estacionar sua moto ao lado das 125, mas não observou o terreno. Resultado: uma das "pernas" do cavalete entrou num buraco e a pesada e velha Suzuki 500 caiu, derrubando todas as outras 125 novinhas. Durante muito tempo não se teve notícias do motociclista da Suzuki 500.
Outra cena comum acontece com motos que têm a trava do guidão na coluna de direção. Essa tipo de trava – que deveria ser abolido do mundo – já levou muita gente boa pro chão. O cara sobe na moto, dá a partida e ... capota solenemente! Ou então sai com a moto sem tirar a trava do disco! Para evitar essas duas surpresas, pare com a roda DIANTEIRA encostada na guia, assim você é obrigado a empurrar a moto pra trás e percebe – bem devagar – se está travada ou com cadeado!
Quem pratica esportes fora-de-estrada habitua-se rapidamente a manobrar a moto em terrenos hostis, com buracos, inclinações, lama e toda sorte de armadilhas. Mas no caso dos motociclistas urbanos, este costume não é tão desenvolvido. É comum vê-los deixando a moto cair porque pararam em um terreno inclinado, ela andou um pouquinho, o cavalete se fechou e lá se foram os piscas e manetes. Algumas motos são campeãs de tombo deste tipo, como as mais pesadas, ou algumas que têm o maldito sistema de recolhimento automático do calavete lateral, como as Cagiva e algumas Ducati italianas.
Quando o motociclista vai manobrar a moto, principalmente se ela é grande ou pesada demais para seu porte físico, pode escorregar no piso molhado. Isto pode acontecer porque o calçado tem solado de couro liso. Para pilotar motos é recomendável usar calçados com sola de borracha, que dão mais aderência ao piso molhado e escorregadio.
Na verdade, não é preciso força física para manobrar uma moto, mas principalmente jeito. Até uma pesada e alta KTM 990 Adventure é fácil de manobrar, desde que o motociclista saiba como fazê-lo. Não adianta brigar com a moto, usando a força física para empurrá-la. Quando o motociclista não tem estatura suficiente para manobrar sentado no banco, é melhor manter o motor ligado, descer da moto pelo lado esquerdo, engatar a primeira e manobrá-la controlando o acelerador e o freio dianteiro.
As manobras para subir e descer de calçadas merecem atenção especial. Quando o motociclista erra os cálculos e não consegue embalo suficiente para subir, a moto pode ficar parada com uma roda em cima da guia e outra na rua, deixando um vão livre entre o chão é o pé ainda maior. Se o motociclista for baixinho, é tombo certo.
Outro martírio é colocar as motos pesadas no cavalete central. O sufoco é gratuito porque, na verdade, não é preciso fazer força para puxar a moto para cima. É preciso sim utilizar a haste do cavalete, que funciona como uma alavanca, e empurrar a haste com o pé, ao mesmo tempo em que dá um puxão honesto e firme na moto para trás. Na hora de colocar a moto no cavalete é preciso avaliar bem o terreno para não ter a desagradável visão de uma motocicleta caindo lentamente.
Administrar o peso de uma moto parada é muito mais do que simplesmente ser capaz de empurrá-la. Significa ser capaz de dominá-la completamente. Quando isso não acontece pode ocorrer uma situação hilariante para quem a assiste, e completamente sem graça para quem vive a emoção de cair parado. - Geraldo Tite Simões
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Se depender de porte físico e encostar a sola toda do pé no chão eu tô lascado, huahuahuahua.
Na primeira ocasião em que a moto pára, o motociclista tenta desesperadamente apoiar o pé no chão mas descobre, tarde demais, que sua perna é insuficiente para alcançar o chão, e a moto começa a cair lentamente, até desabar na calçada. O pior: dono de um corpo franzino, o motociclista não consegue levantá-la nem um milímetro do chão até ser ajudado. Nem seria preciso ir tão longe num exemplo onde o motociclista não consegue controlar o peso de uma moto quando está em baixa velocidade, ou mesmo parada.
Começar a pilotar cedo, e com motos pequenas, é sempre melhor em todos os sentidos. Inclusive no que diz respeito a controlar a moto quando o motor está desligado. É comum ver um motociclista novato sair da loja e logo quebrar um pisca, porque não suportou o peso da motocicleta.
Uma boa forma de saber se a moto é do mesmo número do motociclista é primeiro posicionar-se como se fosse pilotá-la. Depois, retirá-la do cavalete e verificar se os pés alcançam o chão, de preferência com toda a sola. Por último, um teste que é feito normalmente nas escolas de motociclismo do Japão, e que no Brasil é completamente desprezado: deitar a moto no chão para depois avaliar se o motociclista consegue levantá-la sem contrair uma hérnia. Resta saber se o vendedor vai permitir que o comprador deite a moto no chão. Talvez seja melhor fazer o teste numa moto-escola, ou com a moto de um (ex) amigo.
Depois que o motociclista já vestiu a moto, é hora de enfrentar as situações diárias, com motor ligado ou desligado. Antes de mais nada, valem algumas recomendações para quem for pilotar a moto: a vestimenta é muito importante para evitar surpresas desagradáveis. Já são conhecidos muitos casos de motociclistas que caíram porque na hora de pôr o pé no chão a calça larga engatou na pedaleira, e só desengatou quando o joelho já estava encostado no chão. Outro problema semelhante acontece com os cordões de sapato, que podem enroscar nas alavancas de câmbio ou freio, e fazer o motociclista levar um vergonhoso tombo.
Para evitar essas surpresas, é recomendável usar roupas mais justas e sapatos (ou botas) sem cordão. Algumas pessoas têm o hábito de dobrar a barra da calça para fora. Nas motos que têm um limitador sob as pedaleiras (a Yamaha Fazer 250 e a Honda CBX 250 Twister), a barra pode prender nestes limitadores, impedindo que o motociclista alcance o pé no chão.
Muitos motociclistas dão exagerada importância à pilotagem esportiva, veloz e emocionante, esquecendo que um bom motociclista é aquele que tem total domínio sobre a moto em qualquer velocidade, mesmo quando está quase parada. A maior prova disso são os habilidosos pilotos de trial, que conseguem a incrível façanha de ficar parados em cima da moto, completamente imóveis por muito tempo. Como não se pode pôr os pés no chão nestas provas de trial, alguns pilotos conseguem até ligar a moto sem apoiar o pé no chão, além de andar para trás, aproveitando a inclinação do terreno.
Um bom treino para quem acaba de comprar uma moto, ou mesmo para os mais experientes, é procurar andar o mais devagar possível em linha reta sem pôr os pés no chão. No meu curso de pilotagem obrigava os alunos a equilibrar as motos fazendo círculos em baixa velocidade usando apenas o freio traseiro. Muitos donos de motos esportivas não conseguiam!
Uma cena desastrosa com sérias conseqüências materiais aconteceu há muitos anos, diante de uma das primeiras lojas a comercializar Honda em São Paulo. Um motociclista parou na frente da loja com sua Suzuki 500cc e ficou admirando as novas Honda CB 125 de dois cilindros, que tinham acabado de chegar. Elas estavam todas colocadas lado a lado, formando um belo pelotão de japonesas. O motociclista curioso resolveu estacionar sua moto ao lado das 125, mas não observou o terreno. Resultado: uma das "pernas" do cavalete entrou num buraco e a pesada e velha Suzuki 500 caiu, derrubando todas as outras 125 novinhas. Durante muito tempo não se teve notícias do motociclista da Suzuki 500.
Outra cena comum acontece com motos que têm a trava do guidão na coluna de direção. Essa tipo de trava – que deveria ser abolido do mundo – já levou muita gente boa pro chão. O cara sobe na moto, dá a partida e ... capota solenemente! Ou então sai com a moto sem tirar a trava do disco! Para evitar essas duas surpresas, pare com a roda DIANTEIRA encostada na guia, assim você é obrigado a empurrar a moto pra trás e percebe – bem devagar – se está travada ou com cadeado!
Quem pratica esportes fora-de-estrada habitua-se rapidamente a manobrar a moto em terrenos hostis, com buracos, inclinações, lama e toda sorte de armadilhas. Mas no caso dos motociclistas urbanos, este costume não é tão desenvolvido. É comum vê-los deixando a moto cair porque pararam em um terreno inclinado, ela andou um pouquinho, o cavalete se fechou e lá se foram os piscas e manetes. Algumas motos são campeãs de tombo deste tipo, como as mais pesadas, ou algumas que têm o maldito sistema de recolhimento automático do calavete lateral, como as Cagiva e algumas Ducati italianas.
Quando o motociclista vai manobrar a moto, principalmente se ela é grande ou pesada demais para seu porte físico, pode escorregar no piso molhado. Isto pode acontecer porque o calçado tem solado de couro liso. Para pilotar motos é recomendável usar calçados com sola de borracha, que dão mais aderência ao piso molhado e escorregadio.
Na verdade, não é preciso força física para manobrar uma moto, mas principalmente jeito. Até uma pesada e alta KTM 990 Adventure é fácil de manobrar, desde que o motociclista saiba como fazê-lo. Não adianta brigar com a moto, usando a força física para empurrá-la. Quando o motociclista não tem estatura suficiente para manobrar sentado no banco, é melhor manter o motor ligado, descer da moto pelo lado esquerdo, engatar a primeira e manobrá-la controlando o acelerador e o freio dianteiro.
As manobras para subir e descer de calçadas merecem atenção especial. Quando o motociclista erra os cálculos e não consegue embalo suficiente para subir, a moto pode ficar parada com uma roda em cima da guia e outra na rua, deixando um vão livre entre o chão é o pé ainda maior. Se o motociclista for baixinho, é tombo certo.
Outro martírio é colocar as motos pesadas no cavalete central. O sufoco é gratuito porque, na verdade, não é preciso fazer força para puxar a moto para cima. É preciso sim utilizar a haste do cavalete, que funciona como uma alavanca, e empurrar a haste com o pé, ao mesmo tempo em que dá um puxão honesto e firme na moto para trás. Na hora de colocar a moto no cavalete é preciso avaliar bem o terreno para não ter a desagradável visão de uma motocicleta caindo lentamente.
Administrar o peso de uma moto parada é muito mais do que simplesmente ser capaz de empurrá-la. Significa ser capaz de dominá-la completamente. Quando isso não acontece pode ocorrer uma situação hilariante para quem a assiste, e completamente sem graça para quem vive a emoção de cair parado. - Geraldo Tite Simões
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Se depender de porte físico e encostar a sola toda do pé no chão eu tô lascado, huahuahuahua.